Pesquisadores descobrem pegadas de dinossauros com mais de 1,5 metros em Roraima
Por sandro
Publicado em 29/11/25 às 16:11
No extremo norte de Roraima, perto da fronteira com a Guiana, cientistas da Universidade Federal de Roraima (UFRR) descobriram um conjunto fossilizado de pegadas de dinossauros que pode estar entre os mais impressionantes já registrados — com mais de cem marcas preservadas em lajedos da Formação Serra do Tucano.
Algumas dessas pegadas ultrapassam 1,5 metro de comprimento — dimensão próxima à da maior pegada catalogada no mundo, encontrada na Austrália.

O anúncio oficial do achado foi feito apenas no fim do mês passado, depois que dois artigos com os resultados foram aprovados em revistas científicas internacionais. A demora, segundo a equipe, visava assegurar a validade dos dados e valorizar o protagonismo local na descoberta.
O primeiro indício surgiu em 2011, durante uma expedição acadêmica ao município de Bonfim: estudantes de geologia notaram padrões repetidos sobre a superfície de grandes lajedos. Entre mais de 30 marcas iniciais, destacava-se uma pegada tridáctila, hoje considerada exemplar da pesquisa.
A preservação das impressões se deve ao tipo de rocha: arenito endurecido por óxido de ferro, que funcionou como uma “camada natural de proteção” contra erosão, vento e chuva ao longo de milhões de anos. A equipe estima que as pegadas tenham cerca de 110 milhões de anos.

Em 2012, os pesquisadores identificaram outro sítio fossilífero dentro da Terra Indígena Jabuti, também em Roraima, com trilhas que chegam a dezenas de metros de extensão. Recentemente, a FUNAI autorizou a continuidade das pesquisas no local. Mesmo sem fósseis ósseos associados — o que permitiria identificar espécies exatamente — os cientistas já reconhecem pelo menos seis morfotipos distintos, com expectativa de confirmação de mais dois.
Para o professor Vladimir de Souza, da UFRR, que integra o grupo de pesquisa, o achado preenche uma lacuna histórica sobre a fauna pré-histórica da Amazônia. Segundo ele, as pegadas criam uma ponte entre registros do hemisfério norte e do hemisfério sul. Até então, o registro mais próximo desse tipo, no Norte do Brasil, concentrava-se no Maranhão.
A investigação na reserva indígena é coordenada pelo pesquisador Lucas Barros, que desenvolveu sua dissertação de mestrado com base nesse conjunto de pegadas. A equipe considera agora a possibilidade de pedir a criação de um parque geológico na área — iniciativa que, segundo os cientistas, ajudaria a preservar o patrimônio e revelar novos sítios ainda desconhecidos.
Vladimir ressalta que há muito ainda a ser explorado. Ele destaca que outros pontos na região apresentam indícios promissores e que a Amazônia pode esconder uma quantidade significativamente maior de pegadas e formações pré-históricas.
