Istiorachis macarthurae

Novo dinossauro com “vela” nas costas é identificado na Ilha de Wight

Autor

Por

Data

Publicado em 24/08/25 às 07:22

Paleontólogos anunciaram nesta sexta-feira (22) a descoberta de uma nova espécie de dinossauro herbívoro com uma característica marcante: uma estrutura semelhante a uma vela percorrendo suas costas. O animal, batizado de Istiorachis macarthurae, foi identificado a partir de fósseis encontrados na Ilha de Wight, ao sul da Inglaterra, segundo informou o Museu de História Natural de Londres.

O nome da espécie homenageia a velejadora britânica Ellen MacArthur, recordista mundial em navegação solitária. O dinossauro viveu há mais de 120 milhões de anos, durante o início do período Cretáceo, em meio a outros parentes do Iguanodon, um grupo de répteis herbívoros que se desenvolveu do final do Jurássico ao início do Cretáceo.

Embora os fósseis tenham sido descobertos há cerca de 40 anos, acreditava-se até então que pertenciam a uma das duas espécies já conhecidas de iguanodontes da região. A reclassificação só ocorreu quando o médico aposentado Jeremy Lockwood, durante seus estudos de doutorado, voltou a analisar os ossos e percebeu um detalhe inusitado: “Este espécime possuía espinhas neurais particularmente longas, o que era muito incomum”, explicou.

Jeremy Lockwood e fosseis do Istiorachis macarthuraeJeremy Lockwood, retratado com a coluna vertebral de Istiorachis macarthurae / Imagem: Universidade de Portsmouth

A presença dessa “vela” dorsal foi fundamental para definir a espécie como nova. O animal media cerca de 2 metros de altura e pesava aproximadamente 1.000 quilos. Os resultados do estudo foram publicados na quinta-feira (21) na revista científica Papers in Palaeontology.

Istiorachis macarthuraeReprodução artística do Istiorachis macarthurae / Imagem: James Brown – University of Portsmouth

Lockwood destacou que a região da Ilha de Wight era altamente diversa no início do Cretáceo e acredita que novas espécies ainda serão identificadas nos próximos anos. Segundo o pesquisador, os iguanodontes estavam passando por transformações evolutivas importantes nesse período, desenvolvendo espinhas cada vez mais altas. Parte dessa adaptação pode estar relacionada à necessidade de músculos mais fortes para sustentar o corpo, já que esses animais estavam se tornando maiores e passavam mais tempo em quatro patas.

Ainda assim, o Istiorachis macarthurae chama a atenção por sua anatomia singular. Para Lockwood, é improvável que a vela tivesse função de regulação térmica, já que estruturas com muitos vasos sanguíneos seriam vulneráveis a ataques e poderiam causar perda fatal de sangue. Em vez disso, o cientista defende a hipótese de que a estrutura funcionava como sinal sexual, semelhante à cauda exuberante de um pavão.

Quando uma característica evolui além de sua função prática em animais vivos, geralmente está ligada à pressão evolutiva para atrair parceiros. A vela do Istiorachis parece ser mais um exemplo disso, afirmou o pesquisador.

A descoberta reforça a importância da Ilha de Wight como um dos locais mais ricos em fósseis do período Cretáceo na Europa. Para os paleontólogos, cada nova espécie identificada ajuda a montar o quebra-cabeça da evolução dos dinossauros e amplia o entendimento sobre como esses animais se adaptaram a diferentes ambientes há milhões de anos.

Deixe seu comentário

Deixe um comentário