Nova pesquisa com galinhas-d’angola sugere que dinossauros corriam mais devagar do que se pensava

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Publicado em 29/06/25 às 06:57

Uma nova pesquisa publicada na revista científica Biology Letters está mudando a forma como cientistas estimam a velocidade dos dinossauros. E, curiosamente, os protagonistas desse avanço são aves bastante peculiares: as galinhas-d’angola.

Para entender melhor como os dinossauros se locomoviam, pesquisadores recorreram a duas galinhas-d’angola (Numida meleagris), conhecidas por seu aspecto inusitado — com penas que lembram perucas e estruturas semelhantes a dentes sobre a cabeça — e por serem parentes distantes dos dinossauros.

As aves foram incentivadas a correr sobre lama de diferentes consistências, enquanto os cientistas capturavam suas pegadas usando uma técnica chamada fotogrametria. Em seguida, eles compararam a velocidade real dos animais com os valores estimados através de um método matemático tradicionalmente usado para calcular a velocidade de dinossauros com base em rastros fósseis.

O resultado surpreendeu: as galinhas-d’angola estavam se movendo significativamente mais devagar do que o método de cálculo indicava. Além disso, observou-se que as aves podiam variar sua velocidade consideravelmente sem alterar muito o comprimento entre as pegadas. Isso indica que o comprimento da passada, usado como principal indicativo de velocidade em dinossauros, pode ser um parâmetro enganoso.

Embora não seja a primeira vez que galinhas-d’angola são usadas nesse tipo de experimento, estudos anteriores haviam sido realizados com os animais correndo em esteiras. Nessas condições, os resultados foram mais próximos aos cálculos tradicionais. No entanto, como os autores ressaltam, dinossauros não corriam em esteiras — eles deixavam suas pegadas em solos naturais, muitas vezes lamacentos e irregulares.

O estudo sugere que o tipo de solo — especialmente se for macio, como lama — influencia significativamente a estabilidade e o padrão da corrida de um animal. Assim, as discrepâncias observadas nos testes com galinhas-d’angola em lama podem ter ocorrido também com os dinossauros. Isso leva os cientistas a acreditarem que esses gigantes pré-históricos eram provavelmente mais lentos do que se imaginava anteriormente.

Mais uma vez, a ciência mostra como animais atuais podem nos ajudar a entender o passado remoto. E tudo isso graças a uma ave exótica, de aparência curiosa, que corre por aí desafiando nossas suposições sobre o mundo dos dinossauros.

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