representação artística do Itaguara occulta

Nova espécie de dinossauro descoberta no Brasil pode ser uma das mais antigas do mundo

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Publicado em 04/06/25 às 16:43

Uma nova espécie de dinossauro, datada de 237 milhões de anos, foi descoberta no Brasil e pode representar um dos primeiros exemplares da linhagem dos ornitísquios, grupo que reúne os dinossauros herbívoros. Batizada de Itaguyra occulta, a espécie foi descrita por paleontólogos brasileiros e argentinos com base em fósseis encontrados na região de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, e que estavam armazenados há décadas na coleção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Itaguara occulta

O estudo foi publicado no periódico científico Scientific Reports e destaca que o fóssil representa um dos registros mais antigos da linhagem ornitísquia, podendo inclusive ser o mais antigo de todos. A descoberta contribui para preencher um hiato temporal crítico entre 240 milhões e 233 milhões de anos atrás, período pouco documentado da história evolutiva dos dinossauros.

Segundo Voltaire Paes Netto, paleontólogo do Museu Nacional e principal autor da pesquisa, a descoberta fortalece a hipótese de que os silessauros, grupo de animais ao qual pertence a nova espécie, podem ter sido os primeiros representantes dos ornitísquios. “A descoberta preenche um hiato temporal crítico e sustenta a ideia de que os silessauros podem ser os primeiros representantes da ordem dos ornitísquios”, afirmou.

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, coautor do estudo, ressalta que ainda há incertezas sobre a origem desses grupos. “Toda a diversidade de dinossauros que conhecemos se divide em duas grandes linhagens: os saurísquios e os ornitísquios, grupos reconhecidos há mais de um século e meio pela ciência. (…) Contudo, a origem dessas linhagens ainda é um enigma”, explicou.

representação artística do Itaguara occultaRepresentação artística do Itaguara occulta / Imagem: Reprodução

Os silessauros, tradicionalmente considerados parentes próximos dos dinossauros, passaram a ser classificados como ornitísquios primitivos após avanços nos estudos filogenéticos. Esses animais, geralmente de pequeno porte, quadrúpedes e com dieta onívora ou herbívora, viveram no final do período Triássico e deixaram vestígios fósseis em várias regiões da antiga Pangeia. Caracterizavam-se por um bico na frente da mandíbula e membros longos.

Para o paleontólogo Flávio Pretto, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também coautor do estudo, a descoberta reforça a importância do território brasileiro na pesquisa sobre os dinossauros. “A presença contínua de silessauros no Brasil reforça o papel do Sul do país como um território-chave para entender a origem e a diversificação dos dinossauros”, destacou.

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