Nova pesquisa revela que o Archaeopteryx voava como uma galinha
Por sandro
Publicado em 17/05/25 às 16:05
Um recente estudo publicado na prestigiada revista científica Nature nesta última quarta-feira (14), trouxe novas revelações sobre o dinossauro Archaeopteryx, considerado um dos fósseis mais emblemáticos da história da paleontologia. A pesquisa conclui que esse antigo réptil possuía penas adaptadas ao voo, embora de maneira restrita, semelhante ao que se observa em aves modernas como galinhas e faisões.
A investigação foi conduzida por uma equipe internacional de cientistas liderada pelo Museu Field, nos Estados Unidos, com apoio de pesquisadores de Israel e da China. Utilizando tecnologias como tomografia computadorizada e luz ultravioleta, os especialistas puderam analisar estruturas internas do fóssil com detalhes inéditos, incluindo tecidos moles preservados em áreas como mãos, pés e asas.
O fóssil em questão, descoberto em 1861 na região de Solnhofen, na Alemanha, é reconhecido por seu estado de conservação excepcional. Hoje, ele integra a coleção do Museu Field, em Chicago. Com cerca do tamanho de um pombo, o Archaeopteryx viveu há aproximadamente 150 milhões de anos, durante o período Jurássico. O animal é considerado um elo evolutivo fundamental entre os dinossauros e as aves modernas e teve papel importante na confirmação da teoria da evolução proposta por Charles Darwin.
Apesar de não ser o primeiro dinossauro com penas já descoberto, o Archaeopteryx pode ter sido um dos primeiros a utilizá-las como ferramenta de locomoção aérea. Segundo Jingmai O’Connor, curadora do Museu Field e autora principal do estudo, “ele provavelmente conseguia levantar voo, mas não como um pássaro moderno. Era algo mais próximo do que vemos em aves terrestres que voam por necessidade.”
Fóssil do Archaeopteryx / Imagem: Reprodução
A análise revelou que os ossos dos braços do Archaeopteryx eram mais longos do que os das aves atuais, o que dificultaria a aerodinâmica. Além disso, falhas na cobertura das penas entre as asas e o corpo comprometiam a sustentação, limitando seu desempenho aéreo.
Os dados também sugerem que o dinossauro passava boa parte do tempo no solo, mas era capaz de escalar árvores — um indício de que o voo, ainda que rudimentar, fazia parte de seu repertório comportamental.
Para O’Connor, os achados reforçam a importância do Archaeopteryx como peça-chave na compreensão da origem do voo e da transição entre os répteis e as aves.
Estamos apenas começando a entender tudo o que esse fóssil pode nos contar. Cada parte do corpo preservada traz uma nova descoberta, conclui a pesquisadora.
Este novo estudo contribui significativamente para os debates científicos sobre a evolução do voo nos dinossauros e evidencia como a combinação entre fósseis bem preservados e tecnologia de ponta pode trazer novas revelações sobre capítulos fundamentais da história da vida na Terra.