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Origem da vida na Terra é 400 milhões de anos mais antiga do que se pensava, revelam cientistas

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Publicado em 04/05/25 às 06:37

Durante décadas, cientistas apontaram que a vida na Terra teria começado por volta de 3,8 bilhões de anos atrás. Agora, essa linha do tempo pode precisar de uma revisão profunda. Uma equipe de pesquisadores liderada pelo paleogeneticista Edmund Moody, da Universidade de Bristol, propõe que a vida surgiu significativamente antes: há cerca de 4,2 bilhões de anos.

A nova estimativa é resultado de um esforço internacional que aplicou técnicas sofisticadas de análise genética para rastrear a origem de LUCA — o Último Ancestral Comum Universal — entidade biológica que antecede todas as formas de vida conhecidas.

último ancestral comum

A descoberta foi possível graças a uma investigação detalhada de genes compartilhados por organismos pertencentes aos três grandes domínios da vida: bactérias, arqueas e eucariotos. A equipe usou métodos de cronometração molecular, que medem a velocidade com que mutações se acumulam no DNA ao longo de bilhões de anos. Esses dados, reunidos e analisados, apontaram para um momento de origem muito anterior ao que se aceitava.

Segundo Moody, essa abordagem trouxe não só uma nova data, mas também uma visão mais clara do ambiente e da natureza de LUCA, permitindo reconstruir não apenas quando ele viveu, mas também como ele funcionava.

Uma célula sem núcleo, mas não sem complexidade

LUCA não era um ser multicelular ou evoluído nos moldes atuais, mas também não era um amontoado de moléculas desorganizadas. Ele possuía uma estrutura de célula procariota, sem núcleo, porém equipada com processos essenciais como a síntese de proteínas e a replicação genética. Além disso, há sinais de que já dispunha de mecanismos simples de defesa contra agentes externos, o que indica um ambiente onde a competição já era uma realidade.

Entre as características apontadas, destaca-se a presença de uma membrana capaz de controlar a troca de substâncias com o meio e um metabolismo baseado em compostos sulfurosos — um tipo de química compatível com ambientes extremos e ricos em minerais.

Um detalhe importante do estudo foi a reavaliação do cenário onde a vida teria começado. Em vez de superfícies aquecidas pela luz solar ou poças rasas com matéria orgânica, os pesquisadores sugerem que LUCA teria habitado regiões profundas do oceano, em torno de fontes hidrotermais. Esses locais, ainda ativos hoje, emitem fluidos quentes ricos em hidrogênio, ferro e outros elementos essenciais para reações bioquímicas.

Esse tipo de habitat, longe da luz e protegido de impactos e radiação intensos, pode ter oferecido a estabilidade e os recursos necessários para o florescimento de organismos microscópicos, como LUCA.

Reflexos para a ciência planetária e a busca por vida fora da Terra

O impacto dessa descoberta ultrapassa os limites da biologia terrestre. Ao mostrar que a vida pode surgir rapidamente após a formação de um planeta, ela fortalece a hipótese de que outros mundos, com condições semelhantes às da Terra primitiva, também possam abrigar ou ter abrigado vida.

Moody destaca que a resiliência e a agilidade com que a vida parece ter emergido desafiam a visão de que longos períodos de estabilidade seriam essenciais.

A história da vida não é uma narrativa lenta e cautelosa. Ela é veloz, criativa e incrivelmente persistente.

Com isso, o estudo não apenas revisa o passado da Terra, como também expande os horizontes sobre onde mais a vida pode ter florescido no universo.

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