Deinosuchus

Deinosuchus: O “Crocodilo do Terror” que caçava dinossauros e cruzava mares antigos

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Publicado em 27/04/25 às 07:02

Um dos maiores predadores da era dos dinossauros acaba de ganhar uma nova posição na árvore da vida. O Deinosuchus, conhecido como “crocodilo do terror”, não era apenas um caçador temível, mas também um viajante capaz de atravessar mares salinos — algo que seus parentes mais próximos, os jacarés, não conseguem fazer hoje.

Com até 8 metros de comprimento e dentes do tamanho de bananas, o Deinosuchus viveu entre 82 e 75 milhões de anos atrás, habitando rios, estuários e zonas costeiras da América do Norte. Uma característica chave garantiu seu sucesso: glândulas de sal, semelhantes às dos crocodilos modernos, que permitiam ao animal sobreviver em ambientes marinhos.

Deinosuchus

Por muito tempo, cientistas pensaram que o Deinosuchus era um parente gigante dos jacarés. Mas uma nova análise de fósseis, combinada com dados genéticos de crocodilos e jacarés atuais, mostra que ele pertence a um ramo diferente da família dos crocodilianos.

Essa descoberta resolve um antigo mistério: como o Deinosuchus conseguia atravessar o vasto Western Interior Seaway, o mar que dividia a América do Norte na época? Jacarés modernos vivem apenas em água doce e não poderiam cruzar esse tipo de ambiente. A resposta agora é clara: ao contrário dos jacarés, o Deinosuchus preservou a capacidade ancestral de tolerar água salgada.

Ele não era apenas um jacaré maior, explica o paleontólogo Márton Rabi, da Universidade de Tübingen.

Era um animal monstruoso, adaptado para conquistar territórios que outros não conseguiam alcançar.

Um predador imbatível

O estudo revelou ainda que o Deinosuchus dominava os ecossistemas de pântanos e estuários, predando dinossauros e outras grandes presas. Marcas de dentes em fósseis confirmam seu papel como superpredador.

Além disso, o Deinosuchus viveu dos dois lados da antiga América do Norte — nas ilhas chamadas Laramídia (a oeste) e Apaláxia (a leste). Sua capacidade de tolerar sal explicaria como ele se espalhou amplamente, mesmo com o oceano separando essas terras.

No auge do Deinosuchus, ninguém estava seguro nos pântanos, afirmou Rabi.

fossil Deinosuchus

Adaptação à mudança climática

Outro achado importante do estudo é que a tolerância ao sal não era exclusiva do Deinosuchus: muitos crocodilianos antigos tinham essa habilidade, que foi perdida depois por grupos como os jacarés.

A bióloga Evon Hekkala, da Universidade Fordham, destaca que essa adaptação aumentou as chances de sobrevivência de espécies durante grandes mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar.

Esses crocodilos antigos eram oportunistas, aproveitando momentos em que outras espécies desapareciam, disse Hekkala.

Embora o Deinosuchus seja impressionante, ele não foi um caso isolado. O estudo mostra que crocodilos gigantes evoluíram diversas vezes ao longo de 120 milhões de anos, mesmo durante as eras glaciais. Até o século XIX, relatos falavam de crocodilos vivos com mais de 7 metros de comprimento.

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