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Suposto dinossauro no Congo? Avistamentos aumentam com desmatamento e causam confusão na Bacia do Congo

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Publicado em 07/04/25 às 17:39

Nas profundezas da Bacia do Congo, no coração da África Central, relatos sobre uma criatura lendária continuam a intrigar moradores e pesquisadores. Trata-se do mokele-mbembe, um animal do folclore congolês descrito como semelhante a um dinossauro de pescoço longo, que há séculos circula entre os mitos da região. Embora pouco conhecido no Ocidente, o ser misterioso vem ganhando novo fôlego em meio ao avanço do desmatamento na floresta tropical.

Com corpo robusto e arredondado, do tamanho de um elefante ou hipopótamo, o mokele-mbembe supostamente cruza rios e pântanos com imponência. Para o povo bantu, seu habitat está ameaçado, o que tem impulsionado encontros inusitados. Especialistas acreditam que, com o aumento do contato entre humanos e a fauna local, cresce também a chance de equívocos — e de confundir animais reais com seres lendários.

mokele-mbembe

A lenda, que chamou à atenção dos europeus no início do século 20, voltou aos holofotes com o crescimento dos relatos de avistamentos. Mas será que esses encontros revelam algo novo ou apenas reforçam a força do imaginário coletivo diante de transformações ambientais?

Realidade ou imaginação? Cientistas explicam fenômeno

Para a conservacionista tcheca Laura Vlachova, ouvida pela National Geographic, os relatos não indicam a existência de uma espécie desconhecida, mas sim os impactos do desmatamento. “Quando áreas de floresta são substituídas por plantações ou vilarejos, os animais precisam se adaptar. E as pessoas, muitas vezes sem conhecimento da fauna local, interpretam esses encontros como algo sobrenatural”, afirma.

Um exemplo emblemático é o da conservacionista Selah Abong’o, que, durante uma investigação no Parque Nacional Odzala-Kokoua, acreditou ter avistado o mokele-mbembe — mas logo percebeu que se tratava de um elefante. Já o biólogo Joseph Oyange revelou que ruídos atribuídos à criatura eram, na verdade, gorilas vocalizando enquanto atravessavam plantações durante a noite.

A situação é agravada pela crise ambiental. Considerada o “pulmão da África”, a Bacia do Congo perdeu mais de 23 milhões de hectares de floresta desde 2023 — uma área quase do tamanho do Reino Unido. Essa devastação ameaça o equilíbrio ecológico e aproxima cada vez mais humanos e animais selvagens, aumentando o risco de doenças zoonóticas, como a Covid-19, além de colocar espécies ameaçadas, como gorilas e chimpanzés, em perigo constante.

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