Nova espécie de dinossauro iguanodontiano é identificada em Portugal

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Publicado em 03/04/25 às 10:11

Uma equipe de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (Nova FCT) anunciou nesta quarta-feira (03) a descoberta de uma nova espécie de dinossauro iguanodontiano que viveu em Portugal há cerca de 150 milhões de anos, durante o período Jurássico Superior.

O estudo, realizado em parceria com a Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), da Espanha, representa um marco no conhecimento da diversidade da fauna de dinossauros que habitou a região no passado. Segundo os pesquisadores, essa é uma descoberta que muda o entendimento científico sobre os iguanodontianos, um grupo de dinossauros herbívoros de grande porte.

Foi uma surpresa, afirmou Filippo Maria Rotatori, pesquisador do centro GEOBIOTEC (GeoBiociências, Geotecnologias e Geoengenharias) da Nova FCT e autor principal do estudo.

Achávamos que esse grupo já estava bem conhecido no Jurássico Superior de Portugal. Esta nova espécie mostra que ainda há muito a descobrir.

O fóssil principal, identificado como SHN.JJS.015, está atualmente sob custódia da Sociedade de História Natural de Torres Vedras. De acordo com a análise feita pelos cientistas, ele não corresponde a nenhuma espécie anteriormente conhecida, o que confirma sua singularidade.

Fernando Escaso, professor da UNED e também autor do estudo, destacou as dimensões impressionantes do animal: “Era um verdadeiro peso pesado. Quando estimamos o tamanho e a massa corporal, percebemos que ele era muito mais robusto do que outros iguanodontianos, como o Draconyx ou o Eousdryosaurus, que provavelmente coexistiram com ele”.

Representação artística do novo dinossauro iguanodontiano que viveu em Portugal há cerca de 150 milhões de anos / Imagem: FCT

Outro ponto inédito revelado pela pesquisa foi a identificação de diferentes faixas etárias desse dinossauro, algo nunca registrado antes em Portugal. Segundo Bruno Camilo, doutorando do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e diretor do Ci2Paleo em Torres Vedras, esse achado abre novas possibilidades para estudos sobre crescimento e comportamento social desses animais.

Além do fóssil principal, foram encontrados outros vestígios, como fêmures menores, o que indica que esses dinossauros eram relativamente comuns na região durante o Jurássico Superior.

Para Filippo Bertozzo, do Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica, essa descoberta fortalece a hipótese de que a Península Ibérica foi um ponto estratégico para a migração de espécies entre diferentes continentes.

Este dinossauro compartilha muitas características com espécies da América do Norte e de outras partes da Europa. Ainda estamos estudando como essas conexões aconteceram.

A pesquisa, publicada na revista científica Journal of Systematic Palaeontology, envolveu também outras instituições portuguesas como o Museu da Lourinhã, a Universidade de Lisboa e a Sociedade de História Natural de Torres Vedras.

Essa colaboração entre centros de pesquisa europeus e instituições locais é essencial para a preservação do patrimônio paleontológico português, destacou Miguel Moreno-Azanza, da Universidade de Zaragoza.

A descoberta representa um passo significativo na reconstrução da história evolutiva dos dinossauros na Europa e reforça o papel de Portugal como um dos principais polos de pesquisa paleontológica do mundo.

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