Fóssil de ave de 69 Milhões de anos revela ligações com patos e gansos modernos
Por sandro
Publicado em 09/02/25 às 07:59
Um artigo publicado na renomada revista Nature nesta quarta-feira (4) anunciou uma descoberta impressionante na Antártida: o fóssil de uma ave datado de pelo menos 69 milhões de anos, possivelmente o mais antigo já encontrado de seu gênero. A espécie, batizada de Vegavis iaai, era um pássaro aquático e, segundo pesquisadores, pode ser um ancestral distante dos patos e gansos modernos.
Reconstrução artística do Vegavis iaai / Imagem: Reprodução
Uma ave que viveu entre os dinossauros
Diferente das aves que conhecemos hoje, a Vegavis iaai coexistiu com os dinossauros no final do período Cretáceo. E um detalhe intrigante marca essa descoberta: essa espécie pode ter sobrevivido à grande extinção K-T, evento ocorrido há aproximadamente 66 milhões de anos, quando um asteroide colidiu com a Terra e eliminou grande parte da vida no planeta.
Embora a maioria das espécies tenha sido dizimada, algumas aves aquáticas e terrestres conseguiram escapar da extinção, e a Vegavis iaai pode ter sido uma delas.
Os primeiros indícios fósseis dessa ave foram identificados em 1992, em uma expedição liderada pela paleontóloga Julia Clarke, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. No entanto, somente em 2011, fragmentos do crânio do animal foram finalmente encontrados, possibilitando uma análise mais detalhada. Agora, com tecnologia avançada de modelagem 3D, os cientistas conseguiram reconstruir sua anatomia e estudar suas características evolutivas.
Um bico que revela segredos da evolução
Segundo os pesquisadores, a Vegavis iaai possuía um crânio muito semelhante ao das aves atuais, especialmente por apresentar um único osso no bico superior. Essa característica reforça sua ligação com espécies modernas, sugerindo que ela já havia iniciado um processo de diferenciação antes mesmo da extinção dos dinossauros.
Outro aspecto relevante é a estrutura muscular da mandíbula, que lembra a de aves que se alimentam de peixes. Isso indica que esse animal possuía adaptações específicas para capturar e consumir presas aquáticas.
Um “pato ancestral”?
A análise detalhada da filogenia da Vegavis iaai sugere que sua evolução a aproximou das aves atuais ainda antes do impacto do asteroide. Isso significa que, há milhões de anos, ela já apresentava características morfológicas semelhantes às dos patos modernos, especialmente na estrutura do seu bico.
A descoberta reforça o elo evolutivo entre as aves do período Cretáceo e as que conhecemos hoje, ajudando os cientistas a entender melhor como algumas espécies conseguiram sobreviver a um dos eventos mais devastadores da história do planeta.
Essa nova pesquisa abre caminho para mais descobertas sobre a evolução das aves modernas e sobre como certas características anatômicas foram fundamentais para sua sobrevivência ao longo de milhões de anos.