Fósseis de fezes e vômitos de dinossauros podem explicar como eles dominaram o planeta
Por sandro
Publicado em 01/12/24 às 08:01
A extinção em massa causada pelo impacto de um asteroide há 66 milhões de anos é amplamente conhecida como o evento que pôs fim ao domínio dos dinossauros. No entanto, como esses animais evoluíram de criaturas modestas para governantes supremos do planeta é um mistério que continua a fascinar os cientistas. Agora, uma nova pesquisa realizada com base em fósseis de fezes e vômitos traz esclarecimentos fascinantes sobre o período em que os dinossauros superaram a concorrência e assumiram o controle durante o Triássico.
O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, concentrou-se em fósseis encontrados na Polônia, uma região rica em vestígios desse período crucial, que começou há cerca de 230 milhões de anos. Os dinossauros dessa época viviam em um mundo repleto de competição feroz, dividindo habitats com grandes parentes dos crocodilos, herbívoros gigantescos e répteis quadrúpedes protegidos por armaduras naturais. Apesar de inicialmente serem ofuscados, os dinossauros emergiram como dominantes por volta de 200 milhões de anos atrás, após a extinção de muitos de seus competidores.
Fósseis de fezes de dinossauros / Imagem: Grzegorz Niedzwiedzki
Uma nova perspectiva sobre a ascensão dos dinossauros
Martin Qvarnström, paleontólogo principal do estudo publicado na revista Nature, explicou a abordagem inovadora da pesquisa: “Analisamos evidências de alimentação para deduzir o papel ecológico dos dinossauros ao longo de seus primeiros 30 milhões de anos de evolução.”
De acordo com os resultados, os primeiros dinossauros eram generalistas oportunistas, alimentando-se de uma combinação variada de insetos, peixes e plantas. Essa flexibilidade pode ter sido um fator chave para sua sobrevivência e sucesso inicial. Posteriormente, surgiram dinossauros predadores especializados e herbívoros adaptados para consumir novas plantas que floresceram com mudanças climáticas que tornaram o ambiente mais úmido.
Estudo de fezes e vômitos fossilizados
Os cientistas analisaram centenas de fósseis de fezes, conhecidos como coprólitos, e restos de vômitos fossilizados, chamados de regurgitatos — ambos agrupados sob o termo bromalitos. Esses fósseis incomuns fornecem uma janela única para o passado. Ao estudar os alimentos não digeridos presentes nesses fósseis, os pesquisadores puderam mapear cadeias alimentares antigas e entender melhor a ecologia dos dinossauros.
Estudamos mais de 100 quilos de fezes fossilizadas, revelou Grzegorz Niedzwiedzki, paleontólogo e coautor do estudo.
Os coprólitos continham restos de plantas e insetos incrivelmente bem preservados, permitindo uma análise detalhada da dieta dos animais.
Silesaurus / Imagem: Reprodução
Quem Comeu o Quê?
Determinar quais animais produziram os bromalitos é um desafio. Os pesquisadores combinaram informações de fósseis esqueléticos e pegadas para identificar os animais presentes na região durante o período Triássico. Com base em fatores como tamanho e forma das fezes e os alimentos não digeridos, eles conseguiram fazer correspondências precisas com possíveis produtores.
Por exemplo, o Silesaurus, um parente inicial dos dinossauros encontrado na Polônia, era um pequeno onívoro de aproximadamente dois metros de comprimento. Ele se alimentava de insetos, plantas e peixes.
O Silesaurus era um oportunista com uma dieta incrivelmente variada. Encontramos restos de insetos em coprólitos associados a ele que estavam preservados em detalhes impressionantes, destacou Qvarnström.
Representação artística do final do período Triássico / Imagem: Reprodução
No final do período Triássico, os dinossauros herbívoros e carnívoros começaram a aumentar em tamanho e especialização, consolidando seu papel dominante no ecossistema global. A transição de um ambiente dominado por competidores para um mundo onde os dinossauros governavam é uma história de adaptação e resiliência que este estudo ajuda a esclarecer.
