Estudo sugere origem da linguagem humana há 1,6 milhões de anos no sul da África
Por sandro
Publicado em 16/06/24 às 06:53
Um novo estudo liderado pelo arqueólogo britânico Steven Mithen está reacendendo o debate sobre a origem da linguagem humana. Segundo a pesquisa, publicada recentemente, é possível que a capacidade linguística tenha surgido muito antes do que se pensava, há aproximadamente 1,6 milhões de anos, em alguma região do leste ou sul da África.
Mithen baseia sua hipótese em uma análise abrangente que incorpora evidências arqueológicas, paleoanatômicas, genéticas, neurológicas e linguísticas. Ele destaca que durante o período entre 2 milhões e 1,5 milhões de anos atrás, os hominídeos experimentaram mudanças significativas, incluindo o crescimento acelerado do cérebro e o surgimento do lóbulo frontal, áreas cruciais para a produção e compreensão da linguagem.
Esses desenvolvimentos anatômicos e cognitivos, combinados com avanços na bipedia e alterações na forma craniana, podem ter estabelecido as bases para o surgimento de uma forma primitiva de comunicação verbal.
Entre 2 milhões e 1,5 milhões de anos atrás, os hominídeos experimentaram mudanças significativas que resultarem no desenvolvimento da linguagem mais avançada.
A expansão geográfica e o desenvolvimento cultural dos ancestrais humanos também sustentam a teoria de uma linguagem inicial. Há cerca de 1,5 milhões de anos, os hominídeos começaram a se dispersar amplamente pelo planeta, desenvolvendo culturas tecnológicas baseadas em ferramentas de pedra. A comunicação eficiente teria sido essencial para a coordenação necessária na caça e sobrevivência em diversos ambientes.
Com uma comunicação mais eficiente, os humanos primitivos puderam se expandir em grandes grupos e dominar os mais variados ambientes da Terra.
Apesar das evidências apresentadas, a hipótese de Mithen não está isenta de críticas. O antropólogo Robert Foley levanta questões sobre a complexidade da linguagem nessa época, argumentando que a estrutura muscular necessária para a fala articulada pode não ter sido desenvolvida há 1,6 milhões de anos.
A pesquisa também levanta a fascinante possibilidade de que todas as línguas modernas possam ter um ancestral comum. Esta teoria sugere que a reconstrução do árvore genealógica das línguas humanas pode ser viável, embora extremamente desafiadora.
O estudo de Mithen destaca a importância da evolução contínua do campo de pesquisa sobre a origem da linguagem. Futuras técnicas, como o sequenciamento genético de fósseis antigos, poderão fornecer novas informações sobre como a linguagem evoluiu desde suas formas primordiais até as complexas estruturas linguísticas utilizadas hoje em dia.
Este avanço crucial não apenas nos ajuda a entender melhor nossa própria história evolutiva, mas também a apreciar como a linguagem desempenhou um papel fundamental na transformação e sobrevivência da espécie humana ao longo dos milênios.