Crocodilo que viveu no Cretáceo e era capaz de emitir sons é encontrado no Brasil

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Publicado em 16/06/24 às 07:23

Nesta última sexta-feira (14), a revista científica internacional “Historical Biology” divulgou um estudo revolucionário que revelou a descoberta de uma nova espécie de crocodilo por pesquisadores brasileiros. Apelidado de ‘crocodilo caipira’, o animal viveu há cerca de 85 milhões de anos no interior paulista e no Triângulo Mineiro, coexistindo com os dinossauros da era Cretácea.

A nova espécie, batizada de Caipirasuchus catanduvensis, media cerca de 1,20 metro de comprimento e apresentava uma característica única: a capacidade de emitir sons. A descoberta dessa habilidade sonora foi possível graças a uma análise detalhada do crânio do fóssil, que revelou a presença de câmaras de ressonância associadas às vias aéreas.

Eles têm dentro do crânio esse aparato associado à cavidade nasal, que permitia com que ele produzisse sons ressonantes. Isso indica que possivelmente ele produzia sons, como outros animais na atualidade fazem, para se comunicar entre si, explicou Aline Ghilard, paleontóloga e pesquisadora da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Segundo Ghilard, a emissão de sons desempenhava um papel crucial na vida do Caipirasuchus catanduvensis, servindo tanto para alertar sobre predadores quanto para o acasalamento. “Ele é diferente das outras espécies de Caipirasuchus justamente por isso. E como ele era o alvo favorito dos grandes predadores da época, essa pode ter sido uma forma que ele encontrou de se comunicar, de alertar sobre perigos no passado”, afirmou a paleontóloga.

Fósseis do Caipirasuchus catanduvense / Imagem: Reprodução

Origem do nome ‘Crocodilo Caipira’

O apelido ‘crocodilo caipira’ surgiu devido à sua descoberta em Catanduva, São Paulo, durante a duplicação da rodovia SP-351, também conhecida como rodovia da Laranja, em 2011. Durante as obras para a construção de uma ponte em um dos acessos à cidade, grandes blocos de rocha foram removidos, revelando uma diversidade rica de fósseis, incluindo conchas, peixes, anuros (sapos, rãs e pererecas), tartarugas, outros crocodilos e dinossauros.

Reprodução artística do Caipirasuchus catanduvense / Imagem: Divulgação

Importância da descoberta

De acordo com Ghilard, a descoberta do crocodilo caipira é significativa para a ciência, pois amplia a diversidade dos crocodilos fósseis conhecidos do final do período Cretáceo no Brasil.

Esses crocodilos pequenininhos, que são encontrados em rochas do Cretáceo do Brasil, representam a ponta do iceberg de uma diversidade grande de espécies de crocodilos que existiam na era dos dinossauros nessa época, e os Caipirasuchus eram literalmente comida de dinossauros e de outros crocodilos, ressaltou a pesquisadora.

Trecho da rodovia SP-351 onde foi encontrado os fósseis do Caipirasuchus catanduvense / Imagem: Reprodução

A descoberta do Caipirasuchus catanduvensis não só contribui para o entendimento da diversidade da fauna pré-histórica brasileira, mas também evidencia a riqueza paleontológica do interior de São Paulo e do Triângulo Mineiro durante o período Cretáceo, reforçando a importância dessas regiões para estudos futuros.

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