Novo estudo desafia a regra de Bergmann afirmando que tamanho dos dinossauros não é regido pelo clima

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Publicado em 07/04/24 às 07:57

Um estudo inovador liderado por cientistas da Universidade do Alasca Fairbanks e da Universidade de Reading está desafiando conceitos estabelecidos há décadas na biologia evolutiva. A regra de Bergmann, uma teoria do século XIX que sugere que os animais em climas mais frios e de alta latitude tendem a ser maiores do que seus parentes em climas mais quentes, está sendo questionada à luz de novas descobertas.

O estudo, liderado por Lauren Wilson, estudante de pós-graduação da UAF, e Jacob Gardner, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Reading, foi publicado hoje na revista Nature Communications. Os resultados desafiam diretamente a ideia de que a latitude e a temperatura são os únicos fatores determinantes no tamanho corporal dos animais.

Nosso estudo mostra que a evolução do tamanho corporal em dinossauros e mamíferos não pode ser simplificada para uma relação direta com a latitude ou temperatura, afirmou Wilson.

Descobrimos que a regra de Bergmann é aplicável apenas a um subconjunto de animais de sangue quente e apenas quando a temperatura é considerada isoladamente, ignorando outras variáveis climáticas. Isso sugere que a ‘regra’ de Bergmann é mais uma exceção do que uma regra.

O estudo começou com uma pergunta aparentemente simples: a regra de Bergmann se aplica aos dinossauros? Após uma extensa análise de dados fósseis, a resposta foi um claro “não”. Mesmo os dinossauros encontrados em regiões árticas, como os da Formação Prince Creek no Alasca, não exibiram um aumento significativo no tamanho corporal em comparação com seus parentes em climas mais quentes.

Os pesquisadores expandiram sua análise para mamíferos e aves modernos, bem como seus ancestrais pré-históricos. Os resultados mostraram uma tendência similar: a latitude não era um indicador confiável do tamanho corporal nas espécies modernas de aves e mamíferos. Embora tenha havido uma leve correlação entre o tamanho corporal das aves modernas e a temperatura, o mesmo não se aplicava às aves pré-históricas.

Para os cientistas envolvidos no estudo, isso destaca a importância do registro fóssil na revisão e teste das teorias científicas estabelecidas.

O registro fóssil nos fornece uma visão única de ecossistemas e condições climáticas passadas, permitindo-nos avaliar as regras ecológicas de uma maneira completamente nova, explicou Gardner.

Pat Druckenmiller, co-autor do estudo e diretor do Museu do Norte da Universidade do Alasca, enfatizou a importância de entender as raízes evolutivas dos ecossistemas modernos.

Não podemos compreender completamente os ecossistemas atuais sem considerar suas origens evolutivas, disse Druckenmiller.

É olhando para o passado que podemos verdadeiramente entender como as coisas se tornaram como são hoje.

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