Novas imagens revelam que a cor dos planetas Urano e Netuno são quase idênticas
Por sandro
Publicado em 07/01/24 às 06:40
Urano e Netuno, conhecidos como os gigantes de gelo, destacam-se como os planetas mais distantes do Sistema Solar. A compreensão desses mundos foi transformada pelos sobrevôos da espaçonave Voyager 2 da NASA, ocorridos em 24 de janeiro de 1986 e 25 de agosto de 1989, respectivamente. Desde esses encontros, nossa visão da aparência visível desses planetas tem dependido principalmente de imagens reconstruídas a partir das observações do Sistema de Ciência de Imagens (ISS) da Voyager 2, que capturou imagens em uma variedade de filtros, desde o ultravioleta até o laranja.
Embora a cor artificialmente saturada de Netuno tenha sido reconhecida pelos cientistas planetários na época e divulgada com explicações, o professor Patrick Irwin, da Universidade de Oxford, destaca que essa distinção ao longo do tempo foi perdida. Em um novo estudo, Irwin e sua equipe utilizaram dados do Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS) a bordo do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA e do Multi Unit Spectroscopic Explorer (MUSE) no Very Large Telescope do ESO para determinar a verdadeira cor aparente de Urano e Netuno.
Ao recalibrar as imagens coloridas registradas pela Voyager 2 e pela Wide Field Camera 3 (WFC3) do Hubble, os astrônomos revelaram que Urano e Netuno têm, na verdade, tonalidades de azul esverdeado muito semelhantes. A principal diferença reside em um leve toque de azul adicional em Netuno, atribuído a uma camada mais fina de neblina no planeta.

O estudo também esclareceu o mistério de por que a cor de Urano muda ligeiramente durante sua órbita de 84 anos ao redor do Sol. Ao comparar imagens do gigante gelado com medições de seu brilho registradas pelo Observatório Lowell de 1950 a 2016 nos comprimentos de onda azul e verde, os pesquisadores descobriram que Urano parece mais verde nos solstícios (verão e inverno) e mais azul durante os equinócios.
Essa variação de cor está relacionada à rotação única de Urano, que gira quase de lado durante sua órbita, fazendo com que seus polos apontem quase diretamente para o Sol e a Terra durante os solstícios. Os cientistas desenvolveram um modelo que comparou os espectros das regiões polares de Urano com as equatoriais, revelando que as regiões polares são mais reflexivas nos comprimentos de onda verde e vermelho devido à menor abundância de metano, absorvedor de vermelho, nesses locais.
A adição de uma “capa” de neblina gelada, composta por partículas de gelo de metano, explicou ainda mais a mudança de cor durante a órbita, demonstrando que Urano é mais verde nos solstícios devido à redução de metano nas regiões polares e à presença de partículas de gelo que intensificam a reflexão nos comprimentos de onda verde e vermelho.
Dra. Heidi Hammel, pesquisadora da Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA), afirma que este estudo abrangente finalmente esclarece décadas de percepções equivocadas sobre a cor de Netuno e as mudanças de cor únicas de Urano. Os resultados completos deste estudo foram publicados na Royal Astronomical Society.
