Dinossauros podem ser a razão pela qual não vivemos até os 200 anos

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Publicado em 03/12/23 às 06:46

O processo de envelhecimento apresenta uma notável discrepância entre mamíferos – incluindo os humanos – e muitas espécies de répteis e anfíbios. No entanto, uma intrigante hipótese, denominada “gargalo de longevidade”, foi proposta pelo microbiologista João Pedro de Magalhães, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e promete elucidar este mistério.

A teoria sustenta que a influência dominante dos dinossauros por milhões de anos teve um papel crucial na evolução da expectativa de vida dos mamíferos. Durante o reinado dos dinossauros, a sobrevivência dos mamíferos mais pequenos dependia da capacidade de reprodução rápida, possivelmente levando à eliminação de genes relacionados à longevidade ao longo da evolução.

De Magalhães destaca que os mamíferos iniciais foram forçados a ocupar a base da cadeia alimentar, passando cerca de 100 milhões de anos evoluindo para sobreviver através da reprodução acelerada. Essa extensa pressão evolutiva, argumenta o cientista, pode influenciar o processo de envelhecimento nos mamíferos, incluindo os humanos.

Mamífero que viveu no tempo dos dinossaurosExemplo de mamífero / imagem: Reprodução

A pesquisa sugere que os ancestrais dos mamíferos eutérios, durante a era dos dinossauros, perderam enzimas essenciais de reparação de danos causados pela luz ultravioleta, como as fotoliases. Essa perda, que também é observada em marsupiais e monotremados, pode estar relacionada à expectativa de vida relativamente mais curta dessas espécies.

Uma possível explicação para essa perda de enzimas é a adaptação dos mamíferos a um modo de vida mais noturno para evitar predadores, resultando em uma compensação posterior com o uso de protetor solar ao longo dos milhões de anos.

Outras características, como a falta de desenvolvimento contínuo de dentes ao longo da vida, também diferenciam mamíferos de certos répteis, indicando possíveis efeitos da seleção genética ao longo de centenas de milênios.

De Magalhães destaca que enquanto alguns mamíferos, como baleias e humanos, alcançam longas expectativas de vida, é uma incógnita se isso ocorre devido a adaptações evolutivas ou apesar das restrições impostas pelos antepassados de vida mais curta.

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A compreensão aprofundada dos fatores subjacentes ao envelhecimento é crucial para abordar doenças relacionadas à idade, como demência e acidente vascular cerebral. A investigação sobre o “gargalo de longevidade” pode proporcionar insights valiosos nesse contexto, inclusive explorando possíveis ligações entre o rápido envelhecimento e a incidência de câncer em mamíferos.

Embora atualmente seja uma hipótese, os aspectos intrigantes dessa teoria, conforme apresentados por de Magalhães, prometem abrir novos caminhos de pesquisa e aprofundar nosso entendimento sobre os mecanismos evolutivos que moldaram o processo de envelhecimento nos mamíferos. O estudo completo foi publicado na revista BioEssays.

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