Fóssil de aranha de 15 milhões de anos é o segundo maior já encontrado no mundo

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Publicado em 24/09/23 às 06:56

A Era Miocena marcou o início da prosperidade das aranhas na Austrália, quando as mudanças climáticas secaram sua paisagem, abrindo oportunidades de diversificação para um grupo de aranhas conhecidas como aranhas migalomorfas. O registro fóssil desses aracnídeos é lamentavelmente escasso, mas a recente descoberta de um fóssil inédito em todo o mundo trouxe uma valiosa contribuição para nosso entendimento.

Este fóssil é verdadeiramente extraordinário, representando um marco. Sua origem remonta ao período Mioceno, que abrange um intervalo de 23 a 5 milhões de anos atrás. Porém, a aranha do gênero Megamonodontium mccluskyi, a protagonista dessa descoberta, habitou a Terra entre 11 e 16 milhões de anos atrás. Com seu tamanho colossal, é o segundo maior fóssil de aranha já encontrado, sendo aproximadamente cinco vezes maior que espécies de aranhas semelhantes que ainda existem hoje. Para se ter uma ideia, suas dimensões são comparáveis às de uma aranha-lobo moderna, com cerca de 50 milímetros (2 polegadas) de uma ponta à outra.

Fóssil Aranha AustráliaMegamonodontium mccluskyi / Imagem: Michael Frese

O nome do gênero, Megamonodontium, presta homenagem aos parentes vivos mais próximos deste notável aracnídeo, um grupo de aranhas de alçapão minúsculas com pés em escova do gênero Monodontium. O último nome, mccluskyi, é uma reverência ao Dr. Simon McClusky, o intrépido explorador que fez a descoberta em junho de 2020, realizando o feito de ter uma espécie nomeada em sua honra.

Este fóssil raro pertence a uma espécie de aranha de alçapão com pés em escova, cuja tática de caça envolvia emboscar presas que inadvertidamente se aproximavam de sua toca camuflada. Essa peculiaridade em seu estilo de vida pode explicar por que fósseis desse tipo são tão escassos e difíceis de encontrar.

O Dr. Robert Raven, aracnólogo do Museu de Queensland e autor supervisor do estudo, destacou a importância desse achado, afirmando que não apenas é a maior aranha fossilizada já encontrada na Austrália, mas também representa o primeiro fóssil da família Barychelidae encontrado em qualquer lugar do mundo. Ele observou que, embora existam cerca de 300 espécies de aranhas de alçapão vivas atualmente, raramente se tornam fósseis devido ao seu hábito de passar a maior parte do tempo em tocas, um ambiente pouco propício à fossilização.

A descoberta desse fóssil oferece aos cientistas uma oportunidade ímpar de preencher algumas das lacunas no nosso conhecimento sobre a evolução das aranhas. Através de minuciosos estudos utilizando a microscopia eletrônica de varredura, os pesquisadores conseguiram analisar detalhes surpreendentemente bem preservados, como as garras e cerdas presentes nos pedipalpos, pernas e corpo principal da aranha. Essas cerdas, estruturas semelhantes a cabelos, desempenham diversas funções, desde a detecção de produtos químicos e vibrações até a proteção contra predadores e até mesmo a emissão de sons.

Aranha Fóssil austráliaImagem: Reprodução

AranhaImagem: Reprodução

Em resumo, a descoberta deste fóssil de aranha representa um avanço notável na compreensão da história evolutiva dos aracnídeos. Publicado no “Zoological Journal of the Linnean Society“, este estudo abre novos horizontes para a pesquisa paleontológica e nos permite vislumbrar o passado distante por meio dos olhos dessa impressionante criatura.

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