Restos humanos de 6.000 anos sugerem funerais antigos em caverna espanhola

Uma das câmaras funerárias mais antigas da Península Ibérica foi recentemente identificada em uma caverna no norte da Espanha. Os ossos encontrados no interior da câmara têm uma datação de mais de 6.000 anos atrás, representando os primeiros restos humanos neolíticos encontrados nessa região. Essa descoberta oferece uma perspectiva rara sobre as práticas funerárias desse período histórico.

Inicialmente descoberta em 1979, a caverna conhecida como Galería del Sílex foi inicialmente associada à Idade do Bronze, cerca de 3.000 anos atrás. No entanto, essa interpretação foi reavaliada pelos pesquisadores quando seis vasos de cerâmica neolítica foram encontrados junto com restos humanos em poços na caverna.

Análises de datação por radiocarbono realizadas em quatro ossos, pertencentes a três indivíduos distintos, revelaram que a caverna foi usada como câmara funerária ao longo de um período de cerca de 3.000 anos. Os restos mais antigos remontam a cerca de 6.250 anos atrás, enquanto os mais recentes foram enterrados há aproximadamente 3.450 anos.

Essa cronologia indica que a Galería del Sílex esteve em uso desde o Neolítico Inferior até a Idade do Bronze, tornando-se um testemunho único da evolução das práticas funerárias ao longo desses tempos. Notavelmente, os ossos mais antigos encontrados na caverna antecedem em cerca de 1.000 anos o surgimento das tradições funerárias neolíticas conhecidas na Península Ibérica.

Galería del Sílex

Apesar de algumas controvérsias entre estudiosos sobre a função da caverna, os autores deste estudo oferecem evidências convincentes que sustentam sua identificação como uma câmara funerária. Eles observam que os restos humanos da Galería del Sílex não foram descobertos em um contexto de ocupação doméstica na caverna, mas sim dentro de poços localizados a uma distância significativa da entrada original, mais de 300 metros.

Esses detalhes sugerem que a caverna possivelmente servia como um local reservado para o sepultamento de indivíduos falecidos durante o Neolítico Inferior. Ao classificar a caverna como um local funerário, os pesquisadores conseguem traçar uma imagem mais completa da vida e morte pré-históricas na região da Serra de Atapuerca, onde a caverna está localizada.

Comparando essa descoberta com outros sítios neolíticos notáveis na mesma região, como El Portalón e El Mirador, que foram utilizados como áreas residenciais e estábulos de gado, respectivamente, os autores deste estudo fornecem novas perspectivas sobre a organização espacial dos assentamentos da Idade da Pedra.

O estudo foi minuciosamente documentado na revista científica Quaternary Science Reviews, contribuindo assim para o nosso entendimento das práticas culturais e sociais antigas na Península Ibérica.