Fóssil de 140 milhões de anos coloca Sergipe no mapa mundial dos dinossauros

Pesquisadores da Universidade Federal do Sergipe (UFS) anunciaram a descoberta do primeiro registro fóssil de um dinossauros no estado.

Com cerca de dois centímetros de comprimento, o fóssil – datado em 140 milhões de anos – pertence a uma espécie de espinossaurídeo e foi encontrado em um afloramento de rochas na zona rural de Japoatã, município com 13 mil habitantes localizado no Leste Sergipano.

Segundo Paulo Aragão, principal autor da descoberta, o achado só foi possível graças a sua insistência e curiosidade. Ele relata que a formação geológica denominada “Feliz Deserto”, localizada na bacia Sergipe-Alagoas, sempre despertou sua curiosidade, mas foi somente durante sua graduação na UFS que ele passou a investigar a área com mais frequência, o que acabou por resultar na descoberta do fóssil.

A partir dessa pista e sabendo da existência do afloramento por morar na própria cidade, passei a ir ao local até três vezes por mês para fazer a coleta de material, desde restos de escamas até ossos fragmentados, relata Paulo Aragão.

Paulo Aragão/Imagem: Josafá Neto-Rádio UFS

Paulo destacou que um desses achados acabou chamando sua atenção por conta da forma e textura. Após realizar análises microscópicas no Laboratório de Paleontologia da universidade, foi possível confirmar a origem do material como sendo da família spinosauridae, ao comparar suas características dentárias com outros achados da literatura paleontológica.

Apesar do tamanho pequeno, o fóssil encontrado possui características específicas que permitiram a identificação, como o grau e a direção da curvatura que o dente forma e uma ornamentação chamada de flautas na coroa do dente, explica o professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alexandre Liparini, que na época da descoberta ensinava no Departamento de Biologia da UFS.

Imagem: Arquivo pessoal/Alexandre Liparini/UFS/Reprodução

O primeiro registro fóssil de espinossaurídeos foi descoberto pelo paleontólogo britânico Gideon Mantell na formação geológica Wadhurst Clay, no Sul da Inglaterra, por volta de 1820. Esses répteis chegavam a medir até 14 metros de comprimento quando adultos e pesavam em torno de 7 toneladas.

Com a descoberta dos pesquisadores da UFS, agora Sergipe se junta a São Paulo, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Minas Gerais e Goiás como sendo os únicos estados brasileiros que, até então, possuem registros de fósseis de dinossauros em formações geológicas.

A descoberta completa foi publicada na revista científica Journal of South American Earth Sciences.