Fóssil encontrado na Índia pode ajudar os cientistas a desvendar origem das cobras
Por sandro
Publicado em 24/07/22 às 07:05
Fósseis de uma serpente que viveu à cerca de 70 milhões de anos pode finalmente ajudar os cientistas a entender como as cobras adquiriram a capacidade de ingerir presas muito maiores que sua boca.
Encontrada no oeste da Índia, o fóssil de Sanajeh indicus, ao ser comparado com outras espécies de cobras antigas, possuí pequenas modificações na parte traseira do crânio que permitiam ao animal realizar movimentos peculiares e engolir prezas muito grandes. Esses movimentos, conhecidos como macrostomia nas espécies modernas de cobras, envolvem a região posterior craniana, o céu da boca (ou palato) e a junção entre o focinho e o resto da boca.
Segundo os pesquisadores, na Sanajeh a mandíbula já possuía uma articulação interna, além disso a conexão fixa que existia entre o pré-maxilar [o osso da frente na parte de cima da boca, mais ou menos abaixo do nariz em humanos] e maxilar não existia, o que permitia ao espécime encarar presas muito grandes.

A evolução dessas características permitiu as espécies modernas de cobras, como jiboias, cascavéis e pítons, engolir prezas proporcionalmente maiores, revela Hussam Zaher, do Museu de Zoologia da USP, um dos envolvidos no estudo publicado no periódico Zoological Journal of the Linnean Society.
Segundo ele, no inicio do processo evolutivo a Sanajeh ainda possuía patas traseiras e outras características de lagartos, espécie dos quais descendem as cobras. Mas num período de milhões de anos, essas características foram “sumindo”. As patas diminuíram drasticamente e seu crânio adquiriu uma série de peculiaridades que permitiu ao animal engolir prezas inteiras sem ter que despedaça-las.
