Fósseis de peixes apontam mês da extinção dos dinossauros

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Publicado em 30/01/22 às 08:01

Os dinossauros foram extintos após o impacto de um meteorito na Terra a cerca de 66 milhões de anos atrás, no que ficou conhecido como evento de Extinção do Cretáceo-Paleogeno (K-Pg). Até hoje, os cientistas ainda divergem sobre qual época do ano isso aconteceu. No entanto, um recente estudo publicado na revista Nature pode ter finalmente resolvido este mistério.

Ao analisar fósseis de alguns peixes encontrados na formação Hell Creek, na Dakota do Norte, Estados Unidos, pesquisadores encontraram uma série de evidências que permitiu estimar o mês de Junho como sendo o mês em que o meteorito caiu na Península de Yucatán, no México e desencadeou o fim dos dinossauros.

asteroidO evento de extinção Cretáceo-Paleogeno aconteceu há 66 milhões de anos, quando um asteroide atingiu a Terra.

Para chegar a esta conclusão os cientistas focaram seus estudos em uma camada de esférulas derretidas encontrada em sedimentos do fim do Cretáceo. Essas esférulas, que nada mais são do que pequenas bolas de vidro derretidas, foram formadas após o impacto do meteorito, que espalhou detritos por milhares de quilômetros, chegando até a formação Hell Creek.

Além disso, os cientistas também analisaram a formação de ondas Seicha (ondas estacionárias do tipo gangorra) em canais profundos. Atualmente a formação Hell Creek está bem no interior, mas no final do período Cretáceo, estava localizada na costa da via marítima interior ocidental que dividia a América do Norte naquela época, com o nível do mar cerca de 200 metros mais alto do que hoje. O local era estuarino, o que significa que as águas doces e salgadas estavam se misturando. As ondas seicha foram geradas pelo impacto distante no México, que desencadeou ondas sísmicas que sacudiram a Terra e fizeram com que a água fluísse para dentro e para fora dos canais do rio em um ritmo acelerado pouco tempo após a queda do meteorito.

Ao se debaterem nas águas violentamente oscilantes nos canais dos rios, vários peixes teriam engolido pequenas esférulas derretidas vindas de cima. Partindo desse ponto os cientistas observaram como o ciclo das estações – do verão ao inverno – mudavam a estrutura e química dos ossos dos peixes. Comparando anéis de crescimentos nos ossos dos atuais esturjão com fósseis de esturjão encontrados em Hell Creek (que teriam engolido detritos de esférulas ao se debaterem nas águas oscilantes dos rios), os cientistas estimaram o mês de junho como o mês em que o meteorito caiu na Terra pois, os anéis de crescimento nos ossos dos peixes indicam que durante sua vida, eles alternavam entre águas doces nos meses de verão e águas salinas no inverno. No momento da transição ocorre mudanças químicas em seus ossos que vão se intensificando pelo tempo que eles permanecem em água doce ou salgada.

esturjao-cretceoCientistas compararam o esturjão moderno com o esturjão do período cretáceo para estudar o momento em que morreram.

No momento do impacto do meteorito era o fim da primavera e inicio do verão no hemisfério norte, pois a formação Hell Creek era coberta por água doce em alguns pontos. Como foram encontrados vários fósseis de esturjão na formação com detritos de esférulas em seu interior e sabendo que eles migram para água doce no verão, foi “fácil” estimar o mês de junho como sendo o mês em que o meteorito atingiu a Terra. Além disso, as mudanças em seus ossos ainda estavam no inicio, o que indica que eles haviam migrado para a água doce a pouco tempo, coincidindo com o inicio do verão do hemisfério norte, 20 de junho.

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