Nova espécie de dinossauro sem dentes é descoberta no oeste do Paraná
Por sandro
Publicado em 21/11/21 às 07:22
Pesquisadores do Museu Nacional anunciaram nesta quinta-feira (18) a descoberta de uma nova espécie de dinossauro brasileiro encontrado em escavações numa área rural de Cruzeiro do Oeste (PR), perto da divisa com o Mato Grosso do Sul, o Berthasaura Leopoldinae.
O espécime viveu em um período estimado entre 70 e 80 milhões de anos atrás e seu nome foi dado em homenagem a Bertha Lutz (1894-1976), bióloga da instituição que lutou pelos direitos das mulheres brasileiras, a imperatriz brasileira Maria Leopoldina (1797-1826), que incentivou o estudo das ciências naturais no país, além da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio, que teve como tema o Museu Nacional no desfile de 2018.
Segundo os pesquisadores, esse é o fóssil mais completo de um dinossauro do período cretáceo já encontrado no país, pois quase toda a sua estrutura básica – coluna vertebral, peitoral, pélvica, membros anteriores e posteriores – está bem preservada. Além disso, o que torna o achado extremamente importante é por esse ser o primeiro dinossauro sem dentes descoberto na América do Sul.
Temos restos do crânio e mandíbula, coluna vertebral, cinturas peitoral e pélvica e membros anteriores e posteriores, o que torna “Bertha” um dos dinos mais completos já encontrados no período Cretáceo brasileiro, afirmou Alexandre Kellner, diretor do Museu Nacional.
Toda essa região [Cruzeiro do Oeste (PR)] era recoberta por um grande deserto. Possivelmente, com vegetação no entorno de áreas úmidas. Essas condições quase inóspitas podem ter sido importantes para a espetacular fossilização, destacou o especialista Luiz Carlos Weinschutz, da Universidade do Contestada, em Santa Catarina.
Fóssil Berthasaura Leopoldinae/Museu Nacional
Herbívoro ou Carnívoro
Como mencionado acima, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato do Berthasaura não possuir dentes, dificultando a confirmação se ele é um carnívoro ou herbívoro. Dados preliminares indicam que ele possuía um bico córneo (de queratina), semelhante ao que ocorre nas aves hoje em dia, podendo ter usado ele para rasgar pequenos pedaços de carne ou mesmo vegetais. Mais ainda assim, não tem como afirmar com 100% de certeza, uma vez que a área onde ele vivia era desértica, com poucas opções de comida.
O espécime pode ter sido um onívoro, se alimentando do que estivesse disponível no momento.
É difícil confirmar se o Berthasaura poderia ter usado seu bico para rasgar nacos de carne, assim como os gaviões e urubus fazem hoje em dia, ou se o bico seria utilizado para cortar material vegetal. Vivendo em uma área restrita como o deserto, esse dinossauro deveria se alimentar do que estivesse disponível, tendo provavelmente desenvolvido uma dieta onívora, destacou Geovane Alves Souza, um dos envolvidos na descoberta.